No final do século 19, funcionava a linha férrea entre os bairros que margeavam o Guaíba. O trem era uma atração da época, pois constituía um belo passeio, sendo esperado pelas pessoas com ansiedade no bairro Tristeza.
Essa linha também era utilizada para despejar dejetos das casas que não tinham esgoto, localizadas nos arrabaldes. Naquela época, com essa função, a área era chamada de Ponta do Melo ou Ponta do Asseio.
O que era um “apelido”, deixou suas marcas na cidade, e a ladeira que ligava aquela ponta à Avenida Padre Cacique passou a ser chamada de “Lomba do Asseio”.
Mais tarde, e por muitos anos, fixou-se na região – onde hoje está sendo desenvolvido o Parque Pontal –, o Estaleiro Só, que foi uma referência para o bairro Cristal.
Incialmente, a fundição fabricava instrumentos musicais e componentes metálicos para montarias, mas, com o tempo, se transformou em uma das maiores indústrias navais do país, a partir de 1950, focando-se em cargueiros de grande porte, ferry-boats, baleeiras, catamarãs, rebocadores, barcaças, pesqueiros, lanchas e iates.
Seus anos dourados foram no final da década de 50, na euforia do milagre econômico. Nessa época, chega a ter três mil trabalhadores. No entanto, o Estaleiro Só não suportou o naufrágio coletivo da indústria naval brasileira, que entrou em falência nos anos 80.
A área ficou abandonada por muitos anos, quando, depois do ano 2000, veio a necessidade de leiloá-la para atender as causas trabalhistas.
Depois de algumas tentativas frustradas de leilões, pois não havia interessados, em 2005 foi realizado um novo leilão e a SVB Par, do empresário Saul Veras Boff, arrematou a área.
Em 2008, a Câmara de Vereadores aprovou a construção de prédios residenciais e comerciais, mas o prefeito José Fogaça vetou o projeto e pediu a realização de uma Consulta Popular. O resultado foi a rejeição de 80% dos eleitores à construção de prédios residenciais no local.
Mesmo antes da votação, a empresa já havia projetado um empreendimento comercial, além de implantar uma ampla área de lazer para a população, com mais de 4 hectares. Em 2015, foram realizadas duas audiências públicas para referendar o projeto da SVB Par.
Hoje, no local, Porto Alegre vê nascer o Pontal, um empreendimento que será uma referência e um dos principais cartões postais da cidade, estreitando a relação dos porto-alegrenses com o Guaíba.
Um dos maiores projetos no segmento multiuso a ser executado no Brasil, o Pontal recebeu aporte financeiro de mais de R$ 300 milhões. “O empreendimento terá 114 mil m² de área construída e um moderno conceito multifuncional”, revela Saul Boff.
Primeiro Life Center do Sul do País, o complexo multiuso reunirá o Pontal Shopping, com 163 lojas, restaurantes, praça de alimentação e cinema de última geração, uma torre com certificação ambiental internacional AQUA-HQE, com mais de 20 andares e que sediará o centro de eventos Espaço Pontal, para 800 pessoas, com vista panorâmica para o Guaíba, centro médico do Hub da Saúde, conectado ao Hospital Moinhos de Vento e adequado a norma RDC50 da Anvisa, além do Double Tree by Hilton.
Permeando o complexo está o Parque Pontal, com 29mil m², o mais novo e moderno espaço público da cidade, que será entregue para a comunidade. Será o primeiro a ser executado com recursos da iniciativa privada, junto ao Guaíba. Um verdadeiro presente para todos os gaúchos!
Beti Sefrin
11.10.2018